Para compreender as diferenças entre a visão térmica e a visão noturna, é necessário entender o contexto. Nossos olhos captam a luz refletida. Câmeras diurnas, dispositivos de visão noturna e o olho humano seguem o mesmo princípio básico: a energia da luz visível atinge um objeto e é refletida, sendo captada por um detector que a transforma em imagem.
No entanto, à noite, não há luz solar para refletir, o que faz com que esses dispositivos dependam da luz proveniente das estrelas, da lua e das luzes artificiais. Quando não há luz suficiente, eles não são muito eficazes para melhorar a visibilidade.
Câmeras de Imagem Térmica
As câmeras de imagem térmica são diferentes. Embora sejam chamadas de “câmeras”, na verdade são sensores. Por exemplo, as câmeras FLIR (Forward Looking InfraRed) produzem imagens a partir do calor, não da luz visível.
O calor, também conhecido como energia infravermelha ou térmica, e a luz são partes do espectro eletromagnético, mas uma câmera capaz de detectar luz visível não consegue visualizar energia térmica, e vice-versa.
As câmeras térmicas detectam não apenas o calor, mas também pequenas diferenças de temperatura, tão mínimas quanto 0,01°C, e as exibem em tons de cinza ou com diferentes cores. Todos os objetos que encontramos em nosso cotidiano emitem energia térmica, inclusive o gelo.
Quanto mais quente um objeto, maior a quantidade de energia térmica emitida. Essa energia térmica é chamada de “assinatura térmica”. Quando dois objetos próximos apresentam assinaturas térmicas ligeiramente diferentes, eles se destacam claramente para uma câmera FLIR, independentemente das condições de iluminação.
Apesar de parecer complexo, as câmeras térmicas modernas são extremamente fáceis de usar. Suas imagens são claras e compreensíveis, não exigindo treinamento ou interpretação. Se você consegue assistir TV, é capaz de utilizar uma câmera térmica FLIR.
Dispositivos de Visão Noturna
Aqueles quadros esverdeados que vemos em filmes e na TV são provenientes de óculos de visão noturna (NVGs) ou de outros dispositivos que utilizam as mesmas tecnologias básicas. Os NVGs captam pequenas quantidades de luz visível, amplificam-nas consideravelmente e as projetam em uma tela.
As câmeras que utilizam a tecnologia de visão noturna possuem as mesmas limitações do olho humano: se não houver luz visível suficiente disponível, não conseguirão visualizar adequadamente. O desempenho das imagens de qualquer objeto que depende da luz refletida é limitado pela quantidade e intensidade da luz refletida.
Os dispositivos de visão noturna são amplamente utilizados em operações militares, observação da vida selvagem e segurança. São mais adequados para condições em que há alguma luz ambiente, embora também existam variantes que utilizam iluminadores infravermelhos para projetar um feixe de energia infravermelha próxima em situações com pouca luz ambiente.
As imagens produzidas pelos dispositivos de visão noturna geralmente têm tonalidades esverdeadas e se assemelham mais a fotografias convencionais do que a imagens térmicas. Esses dispositivos têm alcance menor em comparação com as câmeras de imagem térmica, sendo mais eficazes na obtenção de imagens detalhadas de objetos próximos.
Combinação de Ambas as Tecnologias
Existem dispositivos que combinam as tecnologias de imagem térmica e visão noturna para aproveitar as vantagens de cada uma. Por exemplo, o Flir One Pro é um acessório de câmera térmica que pode ser usado com smartphones. Possui uma resolução térmica de 160×120 e combina imagens térmicas com uma câmera convencional, produzindo imagens de alta resolução por meio da tecnologia MSX da Flir.
Em resumo, a imagem térmica é ideal para detectar objetos com base em suas assinaturas de calor, especialmente em completa escuridão ou através de fumaça, neblina e outros obstáculos. Já a visão noturna é mais adequada para situações em que há alguma luz ambiente e você deseja obter imagens detalhadas, semelhantes ao que se vê a olho nu.